Evento visa dar mais
visibilidade às discussões sobre pesquisas no campo da saúde da população negra
e a implementação efetiva das políticas de saúde voltadas para negros e negras
As iniqüidades em saúde vivenciadas pela
população negra brasileira, resultantes das desigualdades históricas do país,
impactam diretamente nas condições de vida dessas pessoas que, além de morrerem
mais jovens, possuem maiores taxas de mortalidade materna e infantil e
apresentam mais registros de doenças crônicas e infecciosas. Para aprofundar as
discussões sobre as pesquisas no campo da saúde da população negra e debater a
implementação das políticas de saúde voltadas para negros e negras será
realizado o I Encontro de Pesquisadoras e Pesquisadores em Saúde da População Negra.
O evento acontece nos dias 15 e 16 de julho na Universidade Estadual de Santa
Catarina (UDESC), em Florianópolis (SC).
A atividade, que antecede o VII Congresso
Brasileiro de Pesquisadores/as Negros/as (COPENE), de 16 a 20 de julho, é
realizada pela Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN), pela
Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa (SGEP) e pelo Programa de
Anemia Falciforme, ambos do Ministério da Saúde, além da Secretaria de
Políticas para Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR). O evento conta ainda com
apoio do UNFPA, Fundo de População das Nações Unidas, por meio do Programa
Interagencial de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Etnia.
“Em 2004 o Comitê Técnico de Saúde da
População Negra participou da Oficina de Prioridades em Pesquisa no campo da
Saúde da População Negra, elaborando naquele momento os principais temas que
demandavam pesquisas para o SUS. Em 2005 e 2006 o Ministério da Saúde, em
parceria com o CNPq, divulgou edital de pesquisas com a temática Saúde da População
Negra. Todavia, não foi realizado um encontro para discutir os resultados das
pesquisas e como incorporar sugestões na gestão e/ou em novos editais. Pensando
também na incorporação da pesquisa na gestão em saúde, os integrantes do Comitê
sugeriram à SGEP a realização deste encontro”, explicou Luís Eduardo Batista,
Coordenador da Área de Saúde da ABPN.
O evento tem como principais objetivos:
proporcionar a troca de experiências entre os/as estudiosos/as que participaram
de Editais do Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência,
Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde (SCTIE/MS) e editais
descentralizados do Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS) com a temática Saúde
da População Negra; promover o encontro entre os/as pesquisadores/as que têm
atuado para garantir a implementação das Políticas Nacional de Triagem
Neonatal, Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e
outras Hemoglobinopatias e Nacional de Saúde Integral da População Negra;
pactuar prioridades em pesquisa sobre o tema e elaborar propostas e projetos
entre instituições para dar respostas qualificadas no campo da saúde da
população negra.
O encontro surge ainda como demanda do Grupo
de Trabalho em Saúde do VI COPENE, realizado em 2010. Os/as participantes
sugeriram que houvesse investimento na sistematização e difusão do conhecimento
científico sobre saúde da população negra, assim como fossem realizadas
reuniões entre as pesquisadoras e os pesquisadores da temática, não se
restringindo apenas ao momento de debate no Congresso, que ocorre a cada dois
anos. Também está programada para o final do evento a construção de uma agenda
conjunta de sistematização das propostas e encaminhamentos.
Os temas das mesas de debate serão ‘Racismo
e Saúde: pesquisa em Saúde da População Negra para o SUS’ e ‘Produção e
incorporação do conhecimento para uma gestão mais democrática e participativa
no SUS’. A atividade ainda contará com rodas de conversas ‘Resultados de
pesquisas realizadas no campo da Saúde da População Negra e financiadas pelo
Ministério da Saúde’, ‘Olhando para o futuro, para onde vamos?’ e ‘Produção do
Conhecimento e Gestão’, sendo que esta última terá a presença do Ministro da
Saúde, Alexandre Padilha, da Ministra da SEPPIR, Luiza Bairros e da Presidenta
da ABPN, Zélia Amador de Deus.
Estarão presentes nas discussões
representantes do UNFPA, Fundo de População das Nações Unidas; da OPAS,
Organização Pan-Americana da Saúde; integrantes do Conselho Nacional de Saúde;
da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR); do
Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT/ SCTIE) e da Secretaria de Gestão
Estratégica e Participativa (SGEP), ambos do Ministério da Saúde; das
Universidades Federais da Bahia (UFBA), do Pará (UFPA) e de Minas Gerais
(UFMG); da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); da Associação Brasileira de Saúde
Coletiva (Abrasco); do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde
(CONASEMS) e do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (CONASS).
Indicadores
de iniqüidades
O racismo e a discriminação racial são
problemas ainda presentes na sociedade brasileira e que geram injustiças
sociais, especialmente no campo da saúde. Apesar dos avanços significativos no
fortalecimento das políticas públicas para a população negra, pesquisas
continuam a apontar a necessidade de maior integralidade e equidade nos
serviços de saúde, sobretudo no Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo dados da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE), a proporção da população atendida nos
sistemas de saúde pública e privada foi de 96,2%, índice que alcança 97,3% para
a população branca e 95,0% quando se refere a negros e negras. No que diz
respeito aos atendimentos do SUS, a população negra representa 67% do público
total atendido e a branca, 47,2%. No caso dos planos de saúde, observa-se
situação inversa: em 2008, 34,9% da população branca e 17,2% da população negra
contavam com acesso a planos de saúde privados, percentual que, apesar de
crescente nos últimos anos, tem se mantido desigual, com maior cobertura para
pessoas brancas. Destaca-se ainda que esses planos tendam a ofertar maior
rapidez no atendimento, mas o acesso não significa, por si só, melhor qualidade
de acolhimento.
De acordo com dados do Ministério da Saúde,
em 1990 a razão de morte materna - uma das dez principais causas de óbito entre
mulheres de 10 a 49 anos no Brasil - era de 140 óbitos por 100 mil nascidos
vivos, caindo para 68 óbitos por 100 mil nascidos vivos em 2011. Apesar da
redução, a chance de uma mulher negra morrer por causas relacionadas à
gravidez, parto e pós-parto é 1,8 vezes maior em comparação com as mulheres
brancas, sendo que as mulheres indígenas vivenciam situação ainda pior.
A população negra também é a mais vulnerável
a mortes por HIV/AIDS. De 1999 a 2004, houve crescimento anual de 4,9% entre os
homens negros, enquanto os homens brancos somaram apenas 0,2%; com as mulheres,
o aumento anual foi de 6,4% entre as negras, quase o dobro das classificadas
como brancas (3,8%).
Mais
informações
Equipe de Comunicação
VII COPENE
Fone: (48) 3321-8525
Email: viicopene@gmail.com
Twitter: @VIICOPENE
Facebook: Copene 2012
Midã Santana
Fonte:
http://www.unfpa.org.br/novo/index.php?option=com_content&view=article&id=974:pesquisadores-debatem-saude-da-populacao-negra-em-florianopolis&catid=1:noticias&Itemid=4
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