Impossível não passar pelo calçadão da Ponte Seca, no Centro de Francisco Morato neste domingo (21/10) e não sentir o clima magnético das batidas, responsáveis pela sinergia entre B-boy e público presente.
A
Ponte Seca, quem diria, palco para a realização do 1°
Encontro do Núcleo de Hip Hop King Nino Brown. Sinais de bons tempos? Seria
ela uma boa paródia para o momento da realidade do Hip Hop em Francisco Morato.
Observada sob uma ótica marginalizada, anos sendo ocupada por uma gente lutadora,
em sua maioria, anônimas e todas as etnias, sofreu e sofre transformações
constantes. Agora com o intuito de revitaliza-la e para a construção e
cumprimento de uma causa maior.
O
ponto privilegiou a vários passantes, alheios ao que estava ocorrendo, se
aproximarem, ainda que timidamente, e conhecerem a essência do Hip Hop: rua,
intervenção e conscientização. Reencontros, diálogos, risadas, menções a
importância de uma visão mais crítica sobre a sociedade, graffiti, dança e canções:
elementos que compunham um clima agradável e receptivo para todas as faixas de
idades, até mesmo pra quem acabara de nascer, como é o caso de Eduardo Fernandes, que acabara de completar dois meses,
filho do grafiteiro Guetus-FC.
O Núcleo de Hip Hop King Nino Brown nasceu com o
propósito de mapear grupos de danças, Rap, graffiti e DJ, assim como os núcleos
existentes da cidade de Francisco Morato. O número de envolvidos é expressivo,
mas fracionados e escondidos, dificultando a realização de uma política pública
e um fortalecimento da cultura. O cerne é unificar a história do Hip Hop do
município. Para isto, foram realizadas reuniões abertas aos interessados na
causa e, como resultado das discussões, realizou-se o primeiro evento dentro de
uma série de três, até o fim deste ano.
“A necessidade do evento é fazer com
que outras pessoas acreditem na força, no movimento; pra começar pensar em um
lugar institucionalizado. São várias pessoas que querem fortalecer a cultura
Hip Hop. Aos poucos, as pessoas vão se disponibilizando a participação, a
fazerem parte do Coletivo.”, comenta Paulo Sérgio,
Superintendente de Cultura de Francisco Morato.
Quem
se fez presente estava diante de alguns “dinossauros” do movimento pois, com a
bagagem de suas caminhadas, muito colaboraram para o que temos hoje na cultura
periférica e que tende a crescer e se estruturar muito mais. King Nino Brown, mais do que nunca o mais estimado, sobretudo
nesta ocasião discursa para a juventude chamando-a à participação e
conscientização política, caminho para uma reparação para o povo negro. “O
Nino é uma referência e é gratificante tê-lo neste primeiro encontro. Ele é o
Hip Hop na sua essência, maturidade e conhecimento.”, revela Paulo Sérgio.
No
palco, nos muros ou na pista: a autoridade local Anderson Silva (Frco. Morato),
Lelê Di Funsão (Frco. Morato), Bonga (Caieiras), Guetus-FC
(Perus), grupo O Fato (Fco. Rocha),
Odisseia das Flores (Franco da Rocha), Índio SAV (Frco. Morato), Braiam Jaga (Filosofia de Rua), Grupo Elementus (Frco. Morato), Temor Social (Frco. Morato), O
Safari, Cartel Central, Sistema 157, Sistema
Afro Verbal (Frco. Morato), dentre tantos outros que prestigiaram a
concretização desta iniciativa.
“O
movimento Hip Hop parece desorganizado em Francisco Morato, mas foi um dos pioneiros
na região e, comparado a alguns outros lugares, foi um dos poucos que conseguiu
colocar algumas de suas questões como políticas públicas. Exemplos de pessoas
que de certa forma se destacaram no meio é o DJ Alpiste, na linha do RAP
Gospel, Luis Preto, membro do EIP e hoje do Caos do Subúrbio, Anderson Dias do
Grade dentre outros nomes.”, conclui Paulo.
O
Hip Hop, embora seja uma parcela no contexto da história das lutas e conquistas
do povo negro, miscigenado, índio e latino, representa uma das poucas forças
que se faz presente em todo o mundo, cobertas pela reflexão movida pela vontade
de sair do marasmo e libertar o majoritário da insuficiência de recursos para
ser livre.
O
descontentamento com o rumo que a história do oprimido tomou, por diferentes
razões, aguçou no decorrer da história um senso de urgência na busca por
caminhos que pudesse levar à reforma, e uma nova e profunda transformação. Há
quem discorde, mas Francisco Morato caminha este anseio.
A
primeira coisa que fortalece um povo e seus ideais é o fortalecimento da sua
identidade, o resgate de sua história. Pode-se dizer que mediante o espírito de
transformação que toma tantas mentes e corações de qualquer nação, após suas
escolhas decorrentes do sistema democrático que nos conduz, há coincidindo com
este momento particularmente, um ambiente propício para não apenas dar vazão a
exigências, mas participação direta e empenho nas iniciativas, independente da
causa, mas que vise realizações mais ambiciosas.
Confira mais fotos em: http://www.facebook.com/pages/Comunidade-Negra-de-Francisco-Morato/230683887049921
Tamires Santana
Jornalista
Gosto das vossas ideias e muito mais ainda, a forma como voces vivem a cultura Hip-hop em vossas comunidades.gostaria que esse sonho que vivemos ca em Mozambique se tornasse realidade como do vosso lado, esta sendo materializado, atraves de pequenos grupos de encontro com vista a partilha de experiencias.um abraco forte para voces e que venham mais iniciativas dessas para mozambique, atravez de parcerias entre comunidades somente assim, estaremos a fazer uso consideravel dos "abortos" da globalizacao.hugs from Tirso Sitoe
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